quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Bruxa tenta ser a Sacicida






Aves avistaram águia no céu anil
o canário verde amarelo
simbolo do brasil
ficou muito serio quando viu
que mesmo o seu império
aos pés da bruxa caiu.

A bruxa matou o saci
deu na noticia
o Boitatá fez a perícia
e confirmou na entrevista
que a bruxa era a Sacicida

Lá na mata grita a Iara
corre corre Caipora
que a bruxa esta vindo ai
logo chega sua hora
pois hoje foi a do Saci

o campo fica em silêncio
o rio fica calmo
ecoa pelo vento
o som de seu mono-passo

o Negrinho do pastoreio
triste caminha pelo campo
senta a sombra de pinheiro
e inicia seu canto


Em dialogo com o Boto rosa
a mula-sem-cabeça
fala alto para quem ninguém esqueça
que ontem existir roça
dois dedinhos de boa prosa
um causo para conta
o Saci renascerá arteiro para danar
e que não sera um “tar de Halloween ”
que poderá colocar na garrafa o Saci .




quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Fim do mundo 21 de Dezembro




 
Sim, dizia a voz vinda do 
alto. O  estranho era que eu não havia perguntado nada. Havia sim pensado em algo. Foi logo que acordei e vi a mensagem que o mundo  acabaria às vinte e três horas e quarenta e seis minutos de sexta feira do dia 21 de dezembro de 2012. Por alguns segundos revi minha agenda mentalmente e alegrei-me em saber que não tinha nenhuma reunião agendada pra o dia 22. Respirei aliviado, pois odeio chegar atrasado ou faltar com meus compromissos. Deitado ainda na cama com os braços sobre os olhos para evitar que a pouca luz que insistia em entrar em meu quarto irritasse minhas retinas logo pela manhã, eu tentei levantar, mas o corpo teimava em não aceitar as ordens que o despertador estava dando. Em minha cabeça passavam mil coisas que poderia fazer antes do mundo acabar. Pensei em não ir trabalhar e esperar o shopping abrir para comprar o terno mais caro no cartão de crédito em três vezes. Imaginei a cara da vendedora:

- Débito ou crédito?
E
u sabendo que não iria pagar:
- Pode ser no crédito, por favor.
Leve sentimento de mesquinharia  invadiu meus pensamentos ,mas era justo já que passei a vida toda fazendo o certo; atravessando na faixa, devolvendo os livros na biblioteca, devolvendo os filmes das locadoras, lendo bons livros, respeitando a sinalização de transito, respeitando as placas "não pise na grama" mesmo eu estando descalço, indo a igreja, pagando o dizimo, torcendo para o  Brasil na copa, não debatendo politica, sendo neutro nas reuniões de condomínio, era justo sim, isso eu afirmava para mim mesmo e sorria sem me levantar da cama.
O relógio novamente grita dizendo que deveria levantar, e eu sabia que se caso o relógio tocasse mais uma vez iria ter que pegar o elevador com o vizinho do 66 e eu não suporto a conversa dele. Sempre a mesma coisa:
- Bom dia seu Mauro
  E eu como cara de sono:
- Bom dia senhor Rogério

- Já decidiu vender a sua vaga da garagem?
Ele sabe que não quero vender e mesmo assim ele insiste em comprar. Bem que eu poderia vender, receber o dinheiro e ir ao shopping comprar a roupa para o fim do mundo  e pagar à vista. Não, acho melhor dar calote no cartão de crédito. O prazer da mesquinharia   voltou em meu pensamento, ou seria melhor vender pro  vizinho do 66, dar a ele o gostinho de ter a vaga e me deliciar no prazer de saber que ele não iria desfrutar desse novo bem. Não vou dar a ele esse prazer.
O relógio tocou pela terceira vez e a esta altura o dialogo chato do elevador não aconteceria mais, só me restava agora levantar e correr para não me atrasar. Durante doze anos e quatro meses trabalhando na mesma repartição publica, cheguei atrasado apenas duas vezes. Uma foi na greve de ônibus de 2006. Eu sabia que teria greve e o carro estava na oficina. Sai com duas horas de antecedência, a chuva não dava trégua, mesmo assim eu corria para chegar  a  tempo. Parei por alguns minutos na banca de revista para esperar a chuva passar, quando dei por mim faltavam vinte minutos para eu bater o cartão. Corri, tentei pegar um táxi e nada. Cheguei às oito horas e oito minutos. Fiz um relatório e protocolei-o somente no final da tarde pois o Andre, responsável pelo protocolo, havia chego às quatorze horas. anotei,  isso também no meu relatório. 
A segunda vez foi por que o carro estragou logo que sai de casa,  deixei-o na rua e peguei um ônibus. Eu não conhecia bem o trajeto e acabei errando de terminal. Desta vez não fiz relatório fui direto falar como o supervisor geral.
    Rolei na cama e vi que se quisesse chegar a tempo teria que estar pronto em trinta minutos.
Hoje é o ultimo dia do mundo, pensei. O certo era ligar para minha ex mulher pedir desculpas, convidá-la para almoçar. Ela sempre gostou de comer no Olivas Grill . Começamos a frequentar quando éramos namorados, depois que casamos já não tinham motivos que justificasse o gasto com luxurias desnecessárias.  Hoje seria um  bom dia de tentar reconciliar com ela. Poderia convidá-la, reservar a melhor mesa, pedir o melhor vinho e pagar no cartão de crédito.   Boa ideia.
Depois do almoço poderia levá-la para  o Bosque do Papa e dançarmos tango.     Eu nunca aprendi, mas seria bom dançar o meu primeiro e ultimo tango nos braços dela. Ver que olhares curiosos seguiriam nossos passos descoordenados. Poderia pegar uma flor do canteiro e colocar em seu cabelo, ela iria sorrir. 
No meio do sorriso eu poderia pedir para que voltasse a ser minha namorada,noiva, m esposa,amante e minha amiga. Se ela dissesse sim, eu tiraria a aliança que trago guardado na carteira desde quando ela em lagrimas ,a jogou no piso de casa , e daria a ela pela segunda vez.
Com o sim dela, sairíamos de mãos dadas pela rua, deixaria o paletó pendurado numa placa de transito, os meus sapatos e as sandálias dela ficariam pelo caminho e nós de mãos dadas riríamos da ironia de estarmos juntos para todo o sempre e mesmo  sabendo que o sempre duraria até às vinte e três horas e quarenta e seis minutos de hoje.  
Se começasse a chover como sempre chove em Curitiba, iriamos andar bem devagar e escorregar na grama. Iriamos deixar a chuva lavar nossos corpos e limpar nossas almas das mágoas acumuladas ao longo de anos sem dialogo. Depois que o sol voltasse como ele sempre volta, depois da chuva, por ser o ultimo por do sol de nossas vidas, da vida de toda humanidade, eu não me incomodaria em sentar num banco do Passeio Publico, pegar nas mãos dela  e dizer o quando a amo ainda.
O relógio toca a quarta vez, tinham vinte minutos para eu me arrumar. Levantei  meio tonto, olhei pro relógio, abri as cortinas da sala e vi que no canto dos pássaros, que nas arvores do terreno vazio lá fora o dia estava explodindo em quando as borboletas festejavam a vida. Foi nesse momento que pensei : "Será que esse mundo vai acabar " e a voz vinda do alto respondeu "sim ". Fiquei feliz e fui ligar para minha ex esposa e a voz do alto conclui:  "Sim, mas não hoje"
Foi nesse dia que cheguei atrasado pela terceira e não tive coragem de  protocolar  o motivo. 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mais um Passo

 Hoje o sol foi acordado pelo som de milhares de passos   acompanhados de cantos e gritos de guerra por todos os lados
cada passo era seguido para milhares de outros passos 
e cada centímetro conquistado era comemorado com mais um passo
e de passo em passo elas ocuparam diversos espaços 
fixaram marcos e seguem em frente ...Com as  bandeiras erguidas
de salto,descalças, de chinelos 
elas vão escrevendo um futuro mais certo 

que a cada passo fica mais perto.


      


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Minha mãe gosta de chuva

 
Minha mãe gosta de chuva

Quando chove ela vem á porta Coloca a cadeira na varanda
 fica  olhando as plantinhas tomarem banho

ela se admira com a chuva
e com o jardim que ela mesma plantou

muitas vezes a encontro conversando  ao pé do canteiro
Ela se aproxima
Se eleva a altura de seu jardim
E começa a cantarolar canções que somente as mamães sabem encantar flores
Ela as encanta e se encanta com o cantar que elas fazem a  se balançarem ao vento

ela fala “fiio vem cá ver que  já nasceu outro brotinho  
eu olho o canteiro e tento ver o mundo com os olhos que minha mãe vê
e acabo descobrindo que se leva anos para entender que todo o universo esta ali no jardim
que a chuva banha as plantinha
que o vento faz as samambaias  dançarem  
que a casca  da  banana  ajuda a deixar o universo mais bonito
e que a chuva no teiado é bunito di mais 


                                                                                               Celio Roberto (Jamaica )Pereira de Oliveira 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O poema mais lindo

























Mãe ,fiz um verso bem pequeno 
Maior que toda poesia 
escrevi seu nome 
no meio de uma linha 
e toda folha ganhou vida.  
  Celio Roberto






                      

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Princesa-curitiba



A pele cobre o corpo
Corpo de pessoas multicor
Cor negra, branca ,amarela
e cinza ..

Pele cinza cobre o prédio Prédio de alma cinza
Prédio de gente cinza
Que não vê a pele azul do céu Cinza de Curitiba

A pele negra cobre o corpo do menino sem camisa
Que dorme na marquise cinza da casa cinza de apoio
aos meninos e meninas de Pele multicor
que menino de pele negra não pode entrar .

Não pode entrar porque os de pele Cinza-Curitiba
negam a existencia da pele Negra-Curitiba
Eles acreditam em OVINI em Inri Cristo que caminha aqui
mas não acreditam que exista pele Negra-Curitiba

Certa vez uma menina de pele Negra-Curitiba
Ouso sonhar em ser princesa no teatro Guaira
Guaira é nome indigena mas pele Indigena-indigena
não se apresenta e nao é  bem quista em curitiba

A menina Negra-Curitiba sonhou em ser princesa
destas de contos de fadas com principe e tudo
mas a cidade Cinza-Curitiba só aceita se ela for bruxa ou pedra
Pedra para ela não era sua sina,nasceu para ser Princesa negra-Curitiba

No grande dia,uma festa colorida se fez em frente ao Guaira
Cinza-Curitiba de chapéu com laços e fitas
ruas e esquinas tomada pelo cinza-Curitiba
e a menina negra-Curitiba com sua família negra-Curitiba
chegou de onibus em frente ao Guaira
não tinha a carroagem que sonhara
nem cavalos ou pones alados que ela imaginava
Ela tinha aquilo que o Cinza-Curitiba negava

Teatro é magico ... Primeiro ato menina dançam no palco
aplausos ecoa na plateia ,pais pendem bis
segundo ato uma pedra em cena e dentro dela uma pequena
que fica imovel ,estática ,fica pedra parada

Quem será a pequena imovel no centro do palco ?
Para espanto da plateia não era ela
a pedra estava vazia ...

O espanto foi maior
quando entrou pelo corredor de vermelho manto
um senhor negro-Curitiba trazendo no ombro
a princesa pequenina …

Ela lá do alto sorria: boa noite para quem é de noite
bom dia para quem é de bom dia
e ela ria …

Seus suditos ,calados e mudos
eles eram muitos
calados e mudos
não segos não surdos
eles todos mudos sujos preconceito
até que um quebra o silêncio

Quem ousadia dessa menina vir vestida de Princesa-curitiba
onde já se viu uma Negra-Curitiba vestida deste modo
outros tantos balançaram a cabeça concordando
negra-Curitiba não deve ousar tanto

A princesa Negra-Curitiba curitiba não pode ser princesa no Guaira
mas do alto dos ombros que a conduzia
ela era a mais linda Princesa-curitiba

Algo vai mudar ... Pensou a princesinha 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dar com os ombros


Um dia falaram de mim
e de minhas poesias
eu farei assim
e direi:
 tenham um bom dia ! 


sábado, 7 de maio de 2011

Dia das Mães

Dia das Mães

Vi mãe e filho conversando
ele falava algo profundo
estava falando que ela
era a melhor mãe do mundo

Pobre criança sem saber o que dizia
claro que a melhor mãe do mundo é a Minha !

Celio Roberto( Jamaica )Pereira de Oliveira

terça-feira, 26 de abril de 2011

Foi sempre assim...

Foi sempre assim...



Célio Roberto ( Jamaica ) Pereira de Oliveira*


Marcos todas as manhãs, fazia o mesmo trajeto. Saia de casa, descia a rua das amoreiras, caminhava até a banca de jornal e lia as manchetes principais. Pegava o mesmo ônibus todos os dias e quase sempre se sentava no mesmo lugar. Quando estava de bom humor conversava com outros passageiros, o assunto era quase sempre o mesmo; futebol, tempo, novela, o preço do pão, do leite, o assalto, qualquer coisa era um bom motivo para conversar e passar o tempo. Muitas vezes ele se mostrava interessado no tema e até dava palpite sobre este ou aquele assunto. Na maioria das vezes a opinião que expressava era a que estava estampada na manchete do jornal. Descia no mesmo ponto e tomava café na mesma lanchonete.
- Pingado?
- Café preto.
- Açúcar
- Adoçante.
Chegava ao trabalho às 07h45min, caminhava até a sua mesa no final corredor de onde só se levantava às 12 horas.
- Marcos você vem? Hoje vamos almoçar no restaurante lá perto da rodoviária!
A resposta era sempre a mesma. “podem ir que depois se der eu apareço lá” e nunca ia. Na verdade ele gostava de almoçar no restaurante que ficava na esquina da empresa, por que era o único lugar no centro da cidade onde ele se sentia à vontade. Tinha uma mesa reservada para ele que ficava próxima da janela com vista para o fundo cinza de um prédio comercial. Era sempre o mesmo ritual, ele entrava no restaurante por volta das 12h10min ia ao banheiro lavava as mãos, e se sentava na cadeira que ficava voltada para a janela. Não gostava de companhia enquanto almoçava. Todo o dia depois de almoçar ele atravessava a rua e ia se sentar no mesmo banco da praça, de onde por 25 minutos contemplava o mundo ao seu redor. As pessoas que freqüentava aquela praça já começavam formular teses sobre aquele misterioso homem sentado no banco próximo ao pé de aroeira. Uns diziam que ele era um solitário que morava nas proximidades, outros diziam que era um escritor falido que agora vivia no anonimato. Havia também que os que defendiam a tese de que ele era um ator que fez muita fama na década de 80 e que agora não consegue contrato para trabalhar nas novelas globais. Esse comentário nunca chegou a seu conhecimento.
Numa quarta-feira ele fez tudo exatamente igual, saiu de casa no mesmo horário, pegou o mesmo ônibus, sentou no mesmo banco, teve o mesmo dialogo na lanchonete, chegou à empresa no mesmo horário e se dirigiu para mesma sala no final do corredor. Fez tudo como exatamente fazia há mais de quatro anos.
Almoçou no mesmo restaurante e atravessou a rua e foi em direção do mesmo banco. Para seu espanto tinha um outro homem sentado no seu lugar predileto. Durante alguns segundos ele analisou aquela situação e percebeu que havia outros bancos desocupados na praça e que não tinha explicação o homem escolher sentar-se logo no seu banco que foi companheiro de muitos anos.
- Boa tarde
- Boa tarde. Respondeu o homem sem tirar os olhos do livro.
- Você poderia escolher outro lugar para ler, porque este aqui é meu.
- Desculpe, não entendi.
- É que eu sento neste banco todos os dias, de segunda à sexta...
- Bom, mas como você pode ver este lugar já está ocupado.
- Sim, mas é só o senhor ir se sentar naquele banco ali
- Ai você vem e se senta neste banco aqui
- Isso mesmo
- Não.
- Como assim?
- Eu tenho os mesmos direitos que você de ocupar este espaço aqui
- Não quero saber se você tem ou não os mesmos direitos que eu. O que eu quero é que você saia do meu lugar.
- Hoje eu sou tão cidadão quanto você. Se caso estivéssemos na Roma antiga, tudo bem, ai você teria privilégio, pois naquela época meu amigo, o direito de exercer a cidadania era explicitamente restrito a determinadas classes e grupos sociais. Hoje somos iguais.
- Acredito que o senhor não está me entendendo, a minha preocupação não é a Roma antiga. Eu quero sentar no meu banco.
- Você esta vendo estas pessoas que estão passando ai, muita delas não sabem que na declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição federal têm artigos que garantem o direito de igualdade.
- tudo bem, mas onde?
- no art. 7, da Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos art. 3º, 4º e 5º, da constituição da Republica Federativa do Brasil
- não foi isso que eu perguntei. Eu quero saber onde você vai sentar!
- Vou permanecer sentado aqui mesmo mais ou menos uns 40 minutos.
- Você não pode... 40 minutos é muito tempo. Agora são 12h35min não posso esperar mais 40 minutos. Você poderia ir se sentar em outro banco, já que este banco é meu?
- Este banco é publico!
- Mas eu me sento ai todos os dias!
- Você estava aqui quando eu cheguei?
- Não, mas eu estava vindo.
- Mas não tinha chego aqui ainda
- Não importa
- Importa sim, o banco, a praça, aquele bebedouro ali... São todos patrimônios públicos. Todos têm direitos de usar. Mas cada um no seu tempo. Imagine se todas as pessoas que estão passando por esta praça resolvessem tomar água ao mesmo tempo no mesmo bebedouro ou se todos resolvessem jogar bola naquela quadra ali. Isso ia se tornar um caos. Por isso temos que estabelecer regras
- Não estou aqui para beber água nem para jogar bola, o que eu quero e me sentar.
- Existe mais de seis bancos nesta praça e você quer logo neste?
Marcos olhou no relógio e avaliou que se continuasse naquela discussão não chegaria ao trabalho no horário de sempre. Antes de voltar correndo para o seu posto de trabalho deu a ultima palavra.
- Amanha estarei aqui e quero me sentar em meu lugar, pobre de quem estiver sendo neste banco!
Na quinta-feira ele fez tudo exatamente igual e depois do almoço caminhou ate a praça e encontrou o banco vazio com uma placa dizendo “tinta fresca”, ele permaneceu em pé sem saber o que fazer.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Simplismente Vida: Hoje é o dia do índio

Simplismente Vida: Hoje é o dia do índio

Hoje é o dia do índio

Hoje é o dia do índio.

Na Numa escola de Curitiba,Paranagúa, Piraquará ou Guarapuava (não se sabe ao certo )
a professora pintou a cara dos alunos e um aluno perguntou :
- Professora porque pintamos a cara ?
e ela ainda pintou ou outros alunos disse:
pintamos a cara de vergonha.
Vergonha por termos abaçai e sermos poucos abaetê.
Pintamos a cara por não conseguimos olhar na cara de um curumim e dizer que este país tambem é dele,pintamos cara de vergonha!
O aluno mais de pressa pegou a o pote de tinta guache da mão da professora e disse :
Deixa-me ajudar e saiu em direção a Brasilia.

Celio Roberto (Jamaica) Pereira de Oliveira


Simplismente Vida: Fomecidio já!

Simplismente Vida: Fomecidio já!

Simplismente Vida: Escola Tasso da Silveira

Simplismente Vida: Escola Tasso da Silveira

Simplismente Vida: Brincadeira de criança

Simplismente Vida: Brincadeira de criança

sábado, 16 de abril de 2011

Brincadeira de criança

Que brinquedo é aquele

que a criança brinca ?

que brincadeira e esta que o poeta pinta

quem brinca como palavras

nao vê a vida ?

Quem brinca como o que a criança brinca

realmente enfrentam a vida ?


Que olhar é aquele que me contempla ?

que vida é esta que seguem em fila ?

que fila é esta que se multiplica ?

Por que se espalha pelas periferias ?


Que vida é essa que a criança abraça ?

que passo é esse que segue em frente ?

que marcas deixará por onde passa ?

Quem olha por nossa gente ?


São crianças que apenas brincam

em um dia comum na periferia

são crianças que apenas brincam ?

isso é comum na periferia ?


Quem pintou esse quadro

é o mesmo que faz perguntas ?

quem acha algo errado

é o mesmo que foge da luta ?

quem esta abandonado

são somente os que estão na rua ?

quem ficará calado

será o mesmo que não se preocupa?



Tantas perguntas para apenas uma imagem que vi na rua !

(local :Almirante Tamandaré Pr. OBS: foto que registrei no bairro Nova Morada )

Escola Tasso da Silveira

Escola Tasso da Silveira

Em memória das 12 almas de Niterói

Vejo Crianças subindo aos céu
Eu sem entender por que elas partiram tão cedo
Partem antes do sinal tocar
O que fariam no recreio ?
Qual seria o segredo que nesta compartilhado manhã ?
Que brincadeira deixo de acontecer ?
Vejo crianças subindo ao céu


Fecho os olhos e vejo-as subindo ao céu
Fico sem entender nada
Sinto dor em meu peito
Vejo nascendo em cada uma delas
as asas de anjos que foram na terra
vejo que agora elas tem asas mas não querem voar
elas não querem partir
estão imóveis entre o Céu e a terra
entre as nuvens e o pátio da escola

Estou confuso
Onde erramos ?

Vejo-as parada no céu
olhando-nos
com olhos de crianças
olhos ainda assustados

Eu estou confuso
Erramos onde ?

Não se cala dor tão forte em meu peito
Choro imaginado o choro
Eu grito ouvindo os gritos
Me calo fazendo uma prece


Onde erramos ?
Estou confuso

As palavras saem perdidas
sem rumos
buscando sentido
Onde nada faz sentido

Vejo Crianças subindo ao céu
Elas partem cedo
antes de bater o sinal
elas partem eu não entendo


Estou confuso

Elas partem e ficam em mim

Célio Roberto (Jamaica) Pereira de Oliveira

Fomecidio já!

Fomecidio já!


CELIO ROBERTO (JAMAICA) DE OLIVEIRA


Existe uma cidade com um

belo nome

com um prefeito de sobre-nome

vindo de uma família renome

que dao nome a ruas ,praças e hospitais


nesta cidade existe um rua sem nome

em que vive um homem sem vida

na vida deste homem vive a fome

que não tem força para devora a sua não-vida


Famintos por moradia outros tantos ocuparam

um terreno vazio que nao estava usado

da noite para o dia

deste terreno vazio nasceu varios barracos

e no outro dia apareceu um Sobre-nome para despeja-lo


o sobre-nome chegou acompanhado

de policiais fortemente armados

que chegaram derrubando barracos

e o povo não entendeu o falar dos advogados

Mas a fome era tanta que do meio do povo levanta

Dona maria Sem tento da Silva

um mulher-catadora-mae que sozinha

educava tres filhos e duas filhas

que não se orgulhava por passar o mesmo sobrenome

para suas tres netinhas


lenvanta-se do meio multidão

faminta por justiça

desejosa por moradia

segue em direção

daqueles agora estavam invadindo

a terra que agora erra sua por aclamação


O povo se revolta e a segue

Uma bandeira se ergue

e ergue-se um povo faminto

um canto que estava esquecido

é entoado

o o “brado de um povo heroico”é reconhecido.


A impressa chega e registra

“Povo se organiza e ganha terra do deputado”

foi o que estampou a noticia

e o parlamentar foi pela empresa omenageado


O ano era de eleição

“e se eleito urbanizo essa ocupaçao”

e isso soou falso no caração de dona maria

mas como já se sabia

ele foi reeleito

e como era do mesmo grupo do prefeito

não lembrou mais do caminho que leva a periferia


Assim nasceu o bairro sem nome

que sem nome tambem ficou a rua

que sem cidadania ficaram as mulheres

crianças e homens

que vivem neste bairro porque alguém ousou

lutar contra a fome


Agora o que os mata todos os dias

é fome por outro tipo de justiça

e a fome de saude

fome de educação

fome de respeito

fome de arroz e feijão

fome de nao ter tanta fome

mas dissem que um homem

esta mobilizando a comunidade

para matar a fome

ele caminha pelas ruas do bairro

com a mesma bandeira da dona Maria

ele passa e deixa o recado

“Fomecidio já !” e é seguido pela maioria

feriferias do brasil juntas vão gritar ;

“Fomecidio já! ”


A uma menina que vi na rua

A uma menina que vi na rua


Celio Roberto (Jamaica) Pereira de Oliveirai


A vida que marcou a negra pele

Não foi construída, foi herdada

Não recebeu nada na partilha

Alem da parte que não lhe cabia


Não teve a terra onde produzia

Nem arroz e o feijão que plantava

Não teve nada alem do nada que já possuía

Quando deixou a senzala


Na cidade cinza onde pés negros caminham

E barrigas negras de mães negras

Famintas

Vasculham os cantos buscando comida

Não vê que dentro da barriga

Da negra menina gesta outra menina negra


A menina do olho da menina

Da negra menina que olha a vida

Não vê que a comida que não tem hoje

É a parte que foi negada no tempo da partilha


Não sabe escrever uma linha

Não sabe entender sua vida

E mesmo assim escreve

Cada capitulo de sua historia sem ter tinta


E cidade se pinta de arco-íris todos os dias

Pinta-se e diz que é arco-íris

Que é multicor

E todos os dias a menina se torna mais sem cor

O IBGE não perguntou o que sabia de cor

E a menina na respondeu por que não sabia


Não sabia que a cor que a sua pele trazia

Que a salário que nunca teve

Que o gênero que Deus lhe deu

Que casa que não tinha

Não interessa para estatísticas


A menina faminta caminha

Suas pernas pretas finas

Cambaleiam na avenida


A menina preta caminha

Suas finas pretas pernas

Cambaleiam

E desabam na avenida



A cidade cinza não vê a menina

O asfalto preto como manjedoura

No fim de um velho dia

Da barriga faminta

Que não estava somente cheia de fome

Nasce outra menina


Sem nome

Sem pai

Sem sorte

e

Já sem vida