quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Bruxa tenta ser a Sacicida
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Fim do mundo 21 de Dezembro
Eu sabendo que não iria pagar:
- Pode ser no crédito, por favor.
Leve sentimento de mesquinharia invadiu meus pensamentos ,mas era justo já que passei a vida toda fazendo o certo; atravessando na faixa, devolvendo os livros na biblioteca, devolvendo os filmes das locadoras, lendo bons livros, respeitando a sinalização de transito, respeitando as placas "não pise na grama" mesmo eu estando descalço, indo a igreja, pagando o dizimo, torcendo para o Brasil na copa, não debatendo politica, sendo neutro nas reuniões de condomínio, era justo sim, isso eu afirmava para mim mesmo e sorria sem me levantar da cama.
O relógio novamente grita dizendo que deveria levantar, e eu sabia que se caso o relógio tocasse mais uma vez iria ter que pegar o elevador com o vizinho do 66 e eu não suporto a conversa dele. Sempre a mesma coisa:
- Bom dia seu Mauro
E eu como cara de sono:
- Bom dia senhor Rogério
- Já decidiu vender a sua vaga da garagem?
Ele sabe que não quero vender e mesmo assim ele insiste em comprar. Bem que eu poderia vender, receber o dinheiro e ir ao shopping comprar a roupa para o fim do mundo e pagar à vista. Não, acho melhor dar calote no cartão de crédito. O prazer da mesquinharia voltou em meu pensamento, ou seria melhor vender pro vizinho do 66, dar a ele o gostinho de ter a vaga e me deliciar no prazer de saber que ele não iria desfrutar desse novo bem. Não vou dar a ele esse prazer.
O relógio tocou pela terceira vez e a esta altura o dialogo chato do elevador não aconteceria mais, só me restava agora levantar e correr para não me atrasar. Durante doze anos e quatro meses trabalhando na mesma repartição publica, cheguei atrasado apenas duas vezes. Uma foi na greve de ônibus de 2006. Eu sabia que teria greve e o carro estava na oficina. Sai com duas horas de antecedência, a chuva não dava trégua, mesmo assim eu corria para chegar a tempo. Parei por alguns minutos na banca de revista para esperar a chuva passar, quando dei por mim faltavam vinte minutos para eu bater o cartão. Corri, tentei pegar um táxi e nada. Cheguei às oito horas e oito minutos. Fiz um relatório e protocolei-o somente no final da tarde pois o Andre, responsável pelo protocolo, havia chego às quatorze horas. anotei, isso também no meu relatório.
A segunda vez foi por que o carro estragou logo que sai de casa, deixei-o na rua e peguei um ônibus. Eu não conhecia bem o trajeto e acabei errando de terminal. Desta vez não fiz relatório fui direto falar como o supervisor geral.
Rolei na cama e vi que se quisesse chegar a tempo teria que estar pronto em trinta minutos.
Hoje é o ultimo dia do mundo, pensei. O certo era ligar para minha ex mulher pedir desculpas, convidá-la para almoçar. Ela sempre gostou de comer no Olivas Grill . Começamos a frequentar quando éramos namorados, depois que casamos já não tinham motivos que justificasse o gasto com luxurias desnecessárias. Hoje seria um bom dia de tentar reconciliar com ela. Poderia convidá-la, reservar a melhor mesa, pedir o melhor vinho e pagar no cartão de crédito. Boa ideia.
No meio do sorriso eu poderia pedir para que voltasse a ser minha namorada,noiva, m esposa,amante e minha amiga. Se ela dissesse sim, eu tiraria a aliança que trago guardado na carteira desde quando ela em lagrimas ,a jogou no piso de casa , e daria a ela pela segunda vez.
Com o sim dela, sairíamos de mãos dadas pela rua, deixaria o paletó pendurado numa placa de transito, os meus sapatos e as sandálias dela ficariam pelo caminho e nós de mãos dadas riríamos da ironia de estarmos juntos para todo o sempre e mesmo sabendo que o sempre duraria até às vinte e três horas e quarenta e seis minutos de hoje.
O relógio toca a quarta vez, tinham vinte minutos para eu me arrumar. Levantei meio tonto, olhei pro relógio, abri as cortinas da sala e vi que no canto dos pássaros, que nas arvores do terreno vazio lá fora o dia estava explodindo em quando as borboletas festejavam a vida. Foi nesse momento que pensei : "Será que esse mundo vai acabar " e a voz vinda do alto respondeu "sim ". Fiquei feliz e fui ligar para minha ex esposa e a voz do alto conclui: "Sim, mas não hoje"
Foi nesse dia que cheguei atrasado pela terceira e não tive coragem de protocolar o motivo.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Mais um Passo
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Minha mãe gosta de chuva
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Princesa-curitiba
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Dar com os ombros
Um dia falaram de mim
e de minhas poesias
eu farei assim
e direi:
tenham um bom dia !
sábado, 7 de maio de 2011
Dia das Mães
quinta-feira, 28 de abril de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
Foi sempre assim...
Célio Roberto ( Jamaica ) Pereira de Oliveira*
Marcos todas as manhãs, fazia o mesmo trajeto. Saia de casa, descia a rua das amoreiras, caminhava até a banca de jornal e lia as manchetes principais. Pegava o mesmo ônibus todos os dias e quase sempre se sentava no mesmo lugar. Quando estava de bom humor conversava com outros passageiros, o assunto era quase sempre o mesmo; futebol, tempo, novela, o preço do pão, do leite, o assalto, qualquer coisa era um bom motivo para conversar e passar o tempo. Muitas vezes ele se mostrava interessado no tema e até dava palpite sobre este ou aquele assunto. Na maioria das vezes a opinião que expressava era a que estava estampada na manchete do jornal. Descia no mesmo ponto e tomava café na mesma lanchonete.
- Pingado?
- Café preto.
- Açúcar
- Adoçante.
Chegava ao trabalho às 07h45min, caminhava até a sua mesa no final corredor de onde só se levantava às 12 horas.
- Marcos você vem? Hoje vamos almoçar no restaurante lá perto da rodoviária!
A resposta era sempre a mesma. “podem ir que depois se der eu apareço lá” e nunca ia. Na verdade ele gostava de almoçar no restaurante que ficava na esquina da empresa, por que era o único lugar no centro da cidade onde ele se sentia à vontade. Tinha uma mesa reservada para ele que ficava próxima da janela com vista para o fundo cinza de um prédio comercial. Era sempre o mesmo ritual, ele entrava no restaurante por volta das 12h10min ia ao banheiro lavava as mãos, e se sentava na cadeira que ficava voltada para a janela. Não gostava de companhia enquanto almoçava. Todo o dia depois de almoçar ele atravessava a rua e ia se sentar no mesmo banco da praça, de onde por 25 minutos contemplava o mundo ao seu redor. As pessoas que freqüentava aquela praça já começavam formular teses sobre aquele misterioso homem sentado no banco próximo ao pé de aroeira. Uns diziam que ele era um solitário que morava nas proximidades, outros diziam que era um escritor falido que agora vivia no anonimato. Havia também que os que defendiam a tese de que ele era um ator que fez muita fama na década de 80 e que agora não consegue contrato para trabalhar nas novelas globais. Esse comentário nunca chegou a seu conhecimento.
Numa quarta-feira ele fez tudo exatamente igual, saiu de casa no mesmo horário, pegou o mesmo ônibus, sentou no mesmo banco, teve o mesmo dialogo na lanchonete, chegou à empresa no mesmo horário e se dirigiu para mesma sala no final do corredor. Fez tudo como exatamente fazia há mais de quatro anos.
Almoçou no mesmo restaurante e atravessou a rua e foi em direção do mesmo banco. Para seu espanto tinha um outro homem sentado no seu lugar predileto. Durante alguns segundos ele analisou aquela situação e percebeu que havia outros bancos desocupados na praça e que não tinha explicação o homem escolher sentar-se logo no seu banco que foi companheiro de muitos anos.
- Boa tarde
- Boa tarde. Respondeu o homem sem tirar os olhos do livro.
- Você poderia escolher outro lugar para ler, porque este aqui é meu.
- Desculpe, não entendi.
- É que eu sento neste banco todos os dias, de segunda à sexta...
- Bom, mas como você pode ver este lugar já está ocupado.
- Sim, mas é só o senhor ir se sentar naquele banco ali
- Ai você vem e se senta neste banco aqui
- Isso mesmo
- Não.
- Como assim?
- Eu tenho os mesmos direitos que você de ocupar este espaço aqui
- Não quero saber se você tem ou não os mesmos direitos que eu. O que eu quero é que você saia do meu lugar.
- Hoje eu sou tão cidadão quanto você. Se caso estivéssemos na Roma antiga, tudo bem, ai você teria privilégio, pois naquela época meu amigo, o direito de exercer a cidadania era explicitamente restrito a determinadas classes e grupos sociais. Hoje somos iguais.
- Acredito que o senhor não está me entendendo, a minha preocupação não é a Roma antiga. Eu quero sentar no meu banco.
- Você esta vendo estas pessoas que estão passando ai, muita delas não sabem que na declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição federal têm artigos que garantem o direito de igualdade.
- tudo bem, mas onde?
- no art. 7, da Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos art. 3º, 4º e 5º, da constituição da Republica Federativa do Brasil
- não foi isso que eu perguntei. Eu quero saber onde você vai sentar!
- Vou permanecer sentado aqui mesmo mais ou menos uns 40 minutos.
- Você não pode... 40 minutos é muito tempo. Agora são 12h35min não posso esperar mais 40 minutos. Você poderia ir se sentar em outro banco, já que este banco é meu?
- Este banco é publico!
- Mas eu me sento ai todos os dias!
- Você estava aqui quando eu cheguei?
- Não, mas eu estava vindo.
- Mas não tinha chego aqui ainda
- Não importa
- Importa sim, o banco, a praça, aquele bebedouro ali... São todos patrimônios públicos. Todos têm direitos de usar. Mas cada um no seu tempo. Imagine se todas as pessoas que estão passando por esta praça resolvessem tomar água ao mesmo tempo no mesmo bebedouro ou se todos resolvessem jogar bola naquela quadra ali. Isso ia se tornar um caos. Por isso temos que estabelecer regras
- Não estou aqui para beber água nem para jogar bola, o que eu quero e me sentar.
- Existe mais de seis bancos nesta praça e você quer logo neste?
Marcos olhou no relógio e avaliou que se continuasse naquela discussão não chegaria ao trabalho no horário de sempre. Antes de voltar correndo para o seu posto de trabalho deu a ultima palavra.
- Amanha estarei aqui e quero me sentar em meu lugar, pobre de quem estiver sendo neste banco!
Na quinta-feira ele fez tudo exatamente igual e depois do almoço caminhou ate a praça e encontrou o banco vazio com uma placa dizendo “tinta fresca”, ele permaneceu em pé sem saber o que fazer.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Hoje é o dia do índio
sábado, 16 de abril de 2011
Brincadeira de criança
Que brinquedo é aquele
que a criança brinca ?
que brincadeira e esta que o poeta pinta
quem brinca como palavras
nao vê a vida ?
Quem brinca como o que a criança brinca
realmente enfrentam a vida ?
Que olhar é aquele que me contempla ?
que vida é esta que seguem em fila ?
que fila é esta que se multiplica ?
Por que se espalha pelas periferias ?
Que vida é essa que a criança abraça ?
que passo é esse que segue em frente ?
que marcas deixará por onde passa ?
Quem olha por nossa gente ?
São crianças que apenas brincam
em um dia comum na periferia
são crianças que apenas brincam ?
isso é comum na periferia ?
Quem pintou esse quadro
é o mesmo que faz perguntas ?
quem acha algo errado
é o mesmo que foge da luta ?
quem esta abandonado
são somente os que estão na rua ?
quem ficará calado
será o mesmo que não se preocupa?
Tantas perguntas para apenas uma imagem que vi na rua !
(local :Almirante Tamandaré Pr. OBS: foto que registrei no bairro Nova Morada )
Escola Tasso da Silveira
Vejo Crianças subindo aos céuEu sem entender por que elas partiram tão cedoPartem antes do sinal tocarO que fariam no recreio ?Qual seria o segredo que nesta compartilhado manhã ?Que brincadeira deixo de acontecer ?Vejo crianças subindo ao céuFecho os olhos e vejo-as subindo ao céuFico sem entender nadaSinto dor em meu peitoVejo nascendo em cada uma delasas asas de anjos que foram na terravejo que agora elas tem asas mas não querem voarelas não querem partirestão imóveis entre o Céu e a terraentre as nuvens e o pátio da escolaEstou confusoOnde erramos ?Vejo-as parada no céuolhando-noscom olhos de criançasolhos ainda assustadosEu estou confusoErramos onde ?Não se cala dor tão forte em meu peitoChoro imaginado o choroEu grito ouvindo os gritosMe calo fazendo uma preceOnde erramos ?Estou confusoAs palavras saem perdidassem rumosbuscando sentidoOnde nada faz sentidoVejo Crianças subindo ao céuElas partem cedoantes de bater o sinalelas partem eu não entendoEstou confusoElas partem e ficam em mimCélio Roberto (Jamaica) Pereira de Oliveira
Fomecidio já!
Fomecidio já!
CELIO ROBERTO (JAMAICA) DE OLIVEIRA
Existe uma cidade com um
belo nome
com um prefeito de sobre-nome
vindo de uma família renome
que dao nome a ruas ,praças e hospitais
nesta cidade existe um rua sem nome
em que vive um homem sem vida
na vida deste homem vive a fome
que não tem força para devora a sua não-vida
Famintos por moradia outros tantos ocuparam
um terreno vazio que nao estava usado
da noite para o dia
deste terreno vazio nasceu varios barracos
e no outro dia apareceu um Sobre-nome para despeja-lo
o sobre-nome chegou acompanhado
de policiais fortemente armados
que chegaram derrubando barracos
e o povo não entendeu o falar dos advogados
Mas a fome era tanta que do meio do povo levanta
Dona maria Sem tento da Silva
um mulher-catadora-mae que sozinha
educava tres filhos e duas filhas
que não se orgulhava por passar o mesmo sobrenome
para suas tres netinhas
lenvanta-se do meio multidão
faminta por justiça
desejosa por moradia
segue em direção
daqueles agora estavam invadindo
a terra que agora erra sua por aclamação
O povo se revolta e a segue
Uma bandeira se ergue
e ergue-se um povo faminto
um canto que estava esquecido
é entoado
o o “brado de um povo heroico”é reconhecido.
A impressa chega e registra
“Povo se organiza e ganha terra do deputado”
foi o que estampou a noticia
e o parlamentar foi pela empresa omenageado
O ano era de eleição
“e se eleito urbanizo essa ocupaçao”
e isso soou falso no caração de dona maria
mas como já se sabia
ele foi reeleito
e como era do mesmo grupo do prefeito
não lembrou mais do caminho que leva a periferia
Assim nasceu o bairro sem nome
que sem nome tambem ficou a rua
que sem cidadania ficaram as mulheres
crianças e homens
que vivem neste bairro porque alguém ousou
lutar contra a fome
Agora o que os mata todos os dias
é fome por outro tipo de justiça
e a fome de saude
fome de educação
fome de respeito
fome de arroz e feijão
fome de nao ter tanta fome
mas dissem que um homem
esta mobilizando a comunidade
para matar a fome
ele caminha pelas ruas do bairro
com a mesma bandeira da dona Maria
ele passa e deixa o recado
“Fomecidio já !” e é seguido pela maioria
feriferias do brasil juntas vão gritar ;
“Fomecidio já! ”
A uma menina que vi na rua
A uma menina que vi na rua
Celio Roberto (Jamaica) Pereira de Oliveirai
A vida que marcou a negra pele
Não foi construída, foi herdada
Não recebeu nada na partilha
Alem da parte que não lhe cabia
Não teve a terra onde produzia
Nem arroz e o feijão que plantava
Não teve nada alem do nada que já possuía
Quando deixou a senzala
Na cidade cinza onde pés negros caminham
E barrigas negras de mães negras
Famintas
Vasculham os cantos buscando comida
Não vê que dentro da barriga
Da negra menina gesta outra menina negra
A menina do olho da menina
Da negra menina que olha a vida
Não vê que a comida que não tem hoje
É a parte que foi negada no tempo da partilha
Não sabe escrever uma linha
Não sabe entender sua vida
E mesmo assim escreve
Cada capitulo de sua historia sem ter tinta
E cidade se pinta de arco-íris todos os dias
Pinta-se e diz que é arco-íris
Que é multicor
E todos os dias a menina se torna mais sem cor
O IBGE não perguntou o que sabia de cor
E a menina na respondeu por que não sabia
Não sabia que a cor que a sua pele trazia
Que a salário que nunca teve
Que o gênero que Deus lhe deu
Que casa que não tinha
Não interessa para estatísticas
A menina faminta caminha
Suas pernas pretas finas
Cambaleiam na avenida
A menina preta caminha
Suas finas pretas pernas
Cambaleiam
E desabam na avenida
A cidade cinza não vê a menina
O asfalto preto como manjedoura
No fim de um velho dia
Da barriga faminta
Que não estava somente cheia de fome
Nasce outra menina
Sem nome
Sem pai
Sem sorte
e
Já sem vida