sábado, 16 de abril de 2011

Brincadeira de criança

Que brinquedo é aquele

que a criança brinca ?

que brincadeira e esta que o poeta pinta

quem brinca como palavras

nao vê a vida ?

Quem brinca como o que a criança brinca

realmente enfrentam a vida ?


Que olhar é aquele que me contempla ?

que vida é esta que seguem em fila ?

que fila é esta que se multiplica ?

Por que se espalha pelas periferias ?


Que vida é essa que a criança abraça ?

que passo é esse que segue em frente ?

que marcas deixará por onde passa ?

Quem olha por nossa gente ?


São crianças que apenas brincam

em um dia comum na periferia

são crianças que apenas brincam ?

isso é comum na periferia ?


Quem pintou esse quadro

é o mesmo que faz perguntas ?

quem acha algo errado

é o mesmo que foge da luta ?

quem esta abandonado

são somente os que estão na rua ?

quem ficará calado

será o mesmo que não se preocupa?



Tantas perguntas para apenas uma imagem que vi na rua !

(local :Almirante Tamandaré Pr. OBS: foto que registrei no bairro Nova Morada )

Escola Tasso da Silveira

Escola Tasso da Silveira

Em memória das 12 almas de Niterói

Vejo Crianças subindo aos céu
Eu sem entender por que elas partiram tão cedo
Partem antes do sinal tocar
O que fariam no recreio ?
Qual seria o segredo que nesta compartilhado manhã ?
Que brincadeira deixo de acontecer ?
Vejo crianças subindo ao céu


Fecho os olhos e vejo-as subindo ao céu
Fico sem entender nada
Sinto dor em meu peito
Vejo nascendo em cada uma delas
as asas de anjos que foram na terra
vejo que agora elas tem asas mas não querem voar
elas não querem partir
estão imóveis entre o Céu e a terra
entre as nuvens e o pátio da escola

Estou confuso
Onde erramos ?

Vejo-as parada no céu
olhando-nos
com olhos de crianças
olhos ainda assustados

Eu estou confuso
Erramos onde ?

Não se cala dor tão forte em meu peito
Choro imaginado o choro
Eu grito ouvindo os gritos
Me calo fazendo uma prece


Onde erramos ?
Estou confuso

As palavras saem perdidas
sem rumos
buscando sentido
Onde nada faz sentido

Vejo Crianças subindo ao céu
Elas partem cedo
antes de bater o sinal
elas partem eu não entendo


Estou confuso

Elas partem e ficam em mim

Célio Roberto (Jamaica) Pereira de Oliveira

Fomecidio já!

Fomecidio já!


CELIO ROBERTO (JAMAICA) DE OLIVEIRA


Existe uma cidade com um

belo nome

com um prefeito de sobre-nome

vindo de uma família renome

que dao nome a ruas ,praças e hospitais


nesta cidade existe um rua sem nome

em que vive um homem sem vida

na vida deste homem vive a fome

que não tem força para devora a sua não-vida


Famintos por moradia outros tantos ocuparam

um terreno vazio que nao estava usado

da noite para o dia

deste terreno vazio nasceu varios barracos

e no outro dia apareceu um Sobre-nome para despeja-lo


o sobre-nome chegou acompanhado

de policiais fortemente armados

que chegaram derrubando barracos

e o povo não entendeu o falar dos advogados

Mas a fome era tanta que do meio do povo levanta

Dona maria Sem tento da Silva

um mulher-catadora-mae que sozinha

educava tres filhos e duas filhas

que não se orgulhava por passar o mesmo sobrenome

para suas tres netinhas


lenvanta-se do meio multidão

faminta por justiça

desejosa por moradia

segue em direção

daqueles agora estavam invadindo

a terra que agora erra sua por aclamação


O povo se revolta e a segue

Uma bandeira se ergue

e ergue-se um povo faminto

um canto que estava esquecido

é entoado

o o “brado de um povo heroico”é reconhecido.


A impressa chega e registra

“Povo se organiza e ganha terra do deputado”

foi o que estampou a noticia

e o parlamentar foi pela empresa omenageado


O ano era de eleição

“e se eleito urbanizo essa ocupaçao”

e isso soou falso no caração de dona maria

mas como já se sabia

ele foi reeleito

e como era do mesmo grupo do prefeito

não lembrou mais do caminho que leva a periferia


Assim nasceu o bairro sem nome

que sem nome tambem ficou a rua

que sem cidadania ficaram as mulheres

crianças e homens

que vivem neste bairro porque alguém ousou

lutar contra a fome


Agora o que os mata todos os dias

é fome por outro tipo de justiça

e a fome de saude

fome de educação

fome de respeito

fome de arroz e feijão

fome de nao ter tanta fome

mas dissem que um homem

esta mobilizando a comunidade

para matar a fome

ele caminha pelas ruas do bairro

com a mesma bandeira da dona Maria

ele passa e deixa o recado

“Fomecidio já !” e é seguido pela maioria

feriferias do brasil juntas vão gritar ;

“Fomecidio já! ”


A uma menina que vi na rua

A uma menina que vi na rua


Celio Roberto (Jamaica) Pereira de Oliveirai


A vida que marcou a negra pele

Não foi construída, foi herdada

Não recebeu nada na partilha

Alem da parte que não lhe cabia


Não teve a terra onde produzia

Nem arroz e o feijão que plantava

Não teve nada alem do nada que já possuía

Quando deixou a senzala


Na cidade cinza onde pés negros caminham

E barrigas negras de mães negras

Famintas

Vasculham os cantos buscando comida

Não vê que dentro da barriga

Da negra menina gesta outra menina negra


A menina do olho da menina

Da negra menina que olha a vida

Não vê que a comida que não tem hoje

É a parte que foi negada no tempo da partilha


Não sabe escrever uma linha

Não sabe entender sua vida

E mesmo assim escreve

Cada capitulo de sua historia sem ter tinta


E cidade se pinta de arco-íris todos os dias

Pinta-se e diz que é arco-íris

Que é multicor

E todos os dias a menina se torna mais sem cor

O IBGE não perguntou o que sabia de cor

E a menina na respondeu por que não sabia


Não sabia que a cor que a sua pele trazia

Que a salário que nunca teve

Que o gênero que Deus lhe deu

Que casa que não tinha

Não interessa para estatísticas


A menina faminta caminha

Suas pernas pretas finas

Cambaleiam na avenida


A menina preta caminha

Suas finas pretas pernas

Cambaleiam

E desabam na avenida



A cidade cinza não vê a menina

O asfalto preto como manjedoura

No fim de um velho dia

Da barriga faminta

Que não estava somente cheia de fome

Nasce outra menina


Sem nome

Sem pai

Sem sorte

e

Já sem vida




Para onde vamos ?

Dedico á

Michely Ribeiro da Silva,

Dona Ilda (minha mãe) ,

Evelin,Odara Luiza,Santinha e e

para todas a mulheres

faz parte desta marcha.

Vos mulher

voz de mulher

que não se cala

calou a voz

dos que gritavam .

Vos gritais com bandeira nas mão

com filho no colo

e com pés no chão

caminhas e segue sua sina

que é escrita com o suor de seu rosto

exposto em cartazes

em revista

e nas ruas

mulheres nuas de preconceitos

vão as ruas

despidas do medo

e são percebidas

seguidas e perseguidas

“uma rosa para Dona Maria da Dor

uma rosa para Dona Rosa

uma rosa para Dona Flor “

grita o pregão do vendedor de flores

Uma menina pergunta

-Mamãe para que tantas flores ?

a mãe responte sem abaixar a bandeira

para lembrar depois das flores vem frutos e semente

a menina pergunta para o vendedor ;

qual destas é a flores da justiça?

A marcha segue de sandálias ,

descalças e de unhas pintadas

com as cores de um novo tempo

cabelos soltos ao vento

armados ,presos trançados

braços dados bandeira em punho

na marcha quebram muros

e chegam a vida publica

Começaram a caminhar

antes mesmo que o fruto fosse plantado

antes que Joana fosse queimada

antes que a bruxa fosse perseguida

antes que a fabrica fosse trancada

antes do tempo ser conta em horas digitais

antes da constituição

muitas seguem esta marcha há muito tempo

e ainda hoje não pararam de caminhar

pois ainda há muito a avançar

e a menina pergunta para mãe ;

- Para onde vamos ?

Vamos seguir em frente minha filha.

Celio Roberto (Jamaica) Pereira de oliveira